“Quer mudar a sua saúde? O seu aspecto físico? Quer emagrecer? Quer mudar o mundo? Mude o seu modo de agir de maneira regular. São ações que mudam a vida, não momentos de boa vontade, nem o conhecimento que se tem.”

Markus Nahas | Arquivo pessoal

Professor de Educação Física e mestre na arte de viver com qualidade

Aposentado da docência acadêmica desde 2013, Markus Vinícius Nahas, 72 anos, se formou em Educação Física, em 1976, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), quando o foco da profissão era o alto rendimento no esporte e a educação física escolar centrada na prática esportiva.

No entanto, o mestrado (1980) e o doutorado (1985) nos Estados Unidos, e os estágios de Pós-Doutorado, na Universidade Estadual do Arizona (1992) e na Universidade da Carolina do Sul (2000), onde estudou a área da atividade física relacionada à saúde, fez o professor mudar sua percepção e influenciar toda uma geração de pesquisadores da área.

A atividade física, atrelada à qualidade de vida e à saúde, tornou-se o norte de seus trabalhos. Na Universidade Federal de Santa Catarina, onde foi professor por 35 anos, Markus criou e liderou o Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde (NuPAF-UFSC), foi responsável pelo desenvolvimento do Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde (1997) e iniciou, junto a colegas, a Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (2007).

Consultor, palestrante, escritor, Markus é, antes de tudo, marido da Ana, pai do Miguel e do Marcelo e sogro da Maria Joana e da Raquel. Ama se exercitar ao ar livre, gosta de trilha, pescaria, marcenaria... Reaproveita tudo o que pode. Tornou-se cozinheiro, Passeia com sua cachorra Bibi e nunca está parado, porque entendeu que se movimentar é vital e traz bem-estar. Tem vida simples e metas alcançáveis.

Nos raros momentos sentado, conversou com a gente, de sua casa em Florianópolis, Santa Catarina, sua cidade natal. No colo, Bibi, a inseparável. Confira um pouco dessa conversa tão importante sobre a vida.

1. Professor, o que o motivou a cursar Educação Física?

Eu pratiquei muito esporte até uns 10 anos atrás: voleibol, futebol, handball, muito atletismo. Inclusive, no atletismo, eu tive duas lesões de joelho mais sérias, fazendo salto etc. Foram épocas espetaculares. O voleibol foi o que mais joguei, até 60 e poucos anos.

O esporte é tão importante na minha vida que me transformou de engenheiro em professor de Educação Física. Eu estava no meio do curso de engenharia, mas o envolvimento esportivo nessa fase de 19, 20 anos, me fez mudar até de formação. Achei que ia ser mais feliz na Educação Física.

Fiz minha carreira como professor universitário na Universidade Federal de Santa Catarina. Entre Mestrado, Doutorado e os pós-doutoramento, passei minha vida inteira estudando.

Jogou com colegas na UFSC até a aposentadoria, em 2013. “O voleibol foi o que mais joguei”. (arquivo pessoal)

Me aposentei em 2013. Fui parando devagarzinho. Mas, duas ou três vezes por ano eu vou a congressos. Meus ex-alunos organizam eventos, me chamam, então, eu participo.

2. Por falar em eventos, o senhor é um dos responsáveis pelo I Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, promovido pelo Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde da UFSC, em 1997. Como foi o início desse trabalho?

O Núcleo foi uma iniciativa minha e de um colega. Foi o primeiro grupo de pesquisa com esse foco no Brasil. Nós tínhamos um Seminário Regional de Pesquisa em Educação Física. Em 1997, nós transformamos esse seminário regional no 1º Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde.

I Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - 5 a 7 de nov/97 - Florianópolis - SC (arquivo pessoal)

Começamos com 350 participantes. Isso foi crescendo gradualmente. A nossa intenção era fazer a cada dois anos. Os seis primeiros eventos foram organizados pelo Núcleo. Temos o evento até hoje, que reúne facilmente 1200, 1500 participantes.

A próxima edição será entre os dias 29 e 31 de outubro, em Recife, Pernambuco.

3. A Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde (SBAFS) surgiu a partir dos Congressos?

Eu comecei a discutir com os colegas do Brasil todo a ideia de que deveríamos ter uma Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde. E isso se concretizou em 2007, 10 anos depois do primeiro Congresso, durante o VI Congresso aqui em Florianópolis.

Criamos a sociedade e eu acabei presidente. Não que fosse minha vocação, mas quando você traz a ideia, tem a responsabilidade de dar o empurrão inicial. Foi o que aconteceu e de lá para cá a Sociedade foi crescendo.

Os dois primeiros anos são muito burocráticos. Mas conseguimos desde o início incorporar uma revista que já existia [desde 1995], que era a Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. Alguns colegas de Londrina, no Paraná, entre eles o professor Dartagnan Pinto Guedes, haviam criado na Associação de Profissionais de Educação Física essa revista e eu os convenci a incorporá-la à Sociedade.

Achávamos que só seríamos uma instituição completa se tivéssemos um bom Congresso Nacional, uma sociedade estruturada, com diretoria, grupos de estudo, e um periódico científico. Nós começamos a Sociedade exatamente com essa crença.

Não era uma Sociedade que estava começando do nada. Ela assumia, a partir dali, o Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde e tinha uma Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde.

Depois da criação da nossa sociedade, não por ela em si, mas influenciada até pela nossa sociedade, foi criada uma Sociedade Internacional de Atividade Física e Saúde. E foi criada, depois da nossa, uma revista internacional.

4. Por que “atividade física e saúde”?

A minha vida, a minha forma de pensar a atividade física mudou muito. No início, na formação universitária, o foco era o esporte competitivo. Mas depois da minha pós-graduação, depois do mestrado, eu voltei com essa ideia de pesquisar, ensinar e trabalhar com a atividade física relacionada à saúde, muito mais do que com o desempenho propriamente esportivo.

Foi uma época em que começamos a trabalhar muito com a saúde pública no Brasil e os nossos pós-graduandos passaram a trabalhar com a epidemiologia da atividade física relacionada à saúde.

Nós tínhamos o primeiro programa no Brasil de Mestrado, depois de Doutorado, em atividade física e saúde.

Além disso, o Congresso Brasileiro foi consolidado, e veio a Revista, que hoje é online, publicada e respeitada internacionalmente, com um nível de aceitação acadêmica e valorização muito interessante.

Em nenhum outro lugar do mundo, a Educação Física tomou a frente deste trabalho. A nossa área de atuação vai muito além de academias, de programas municipais, estaduais e federais de promoção da atividade física, nós estamos hoje fortemente envolvidos com políticas de saúde pública no Brasil.

Em 1997, o Ministro da Saúde assinou um decreto incluindo a Educação Física como uma das áreas da saúde. Ali foi o início de uma parceria muito interessante da Educação Física com as demais áreas da saúde e com as políticas de saúde pública. Esse é um diferencial da Educação Física brasileira.

A medicina esportiva, na época, era muito focada em doença cardiovascular ou performance de atletas. Estávamos uma década à frente falando de bem-estar, de qualidade de vida, de promoção da saúde em todas as idades e condições.

5. A Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde tem um prêmio com o nome do Senhor?

Pois é. Isso foi no ano passado. Eles me pediram autorização. Eu disse: “O que eu posso fazer? Eu não sei se mereço esse destaque”. Mas, eles criaram e, anualmente, escolhem alguns trabalhos publicados na revista e dão o prêmio.

É um reconhecimento que é bom porque a gente sente que cumpriu a nossa missão, como professor, pesquisador. Hoje, eu fico muito feliz de ver ex-alunos meus ultrapassando de longe aquilo que eu almejei na minha carreira.

Intitulado “Efeitos dos jogos e brincadeiras na cognição e desempenho escolar de crianças”, o artigo de autoria de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com colaboração de pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), conquistou o 1º lugar do Prêmio Markus Vinicius Nahas 2024.

6. Entre as muitas publicações do senhor, destaco o livro “Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida: Conceitos e Sugestões para um Estilo de Vida Ativo”. A primeira edição foi publicada em 2001. A edição mais atual é a 7ª?

Isso. Eu parei na 7ª edição, de 2017. O meu foco era aquele pessoal que está terminando a graduação, que está fazendo curso de especialização ou iniciando um mestrado. Sei que tem muito doutor que às vezes lê, tem muito professor formado há tempo que vai ali buscar alguma coisa. Mas o meu foco era o profissional de educação física em formação inicial.

No livro, há capítulos que tratam de alimentação saudável, de questões do estresse, de envelhecimento, da pessoa com deficiência, que foi um capítulo incluído a partir da 5ª edição. Você quer conhecer a fundamentação da relação entre atividade física, saúde e bem-estar? Esse livro é uma boa introdução.

Eu sei que tem vários ex-alunos meus publicando muitas coisas, mas esse livro continua sendo uma referência para profissionais novos no mercado e que estão se envolvendo inicialmente com as questões de atividade física e saúde.

7. No livro, encontramos o trinômio: conhecer, querer e agir, em que conhecer está relaciona à conscientização da importância da atividade física regular para a saúde e a qualidade de vida (informação), querer é desenvolver o desejo de aplicar esses conhecimentos e agir é realizar essas intenções de forma continuada (ação e manutenção). Vamos começar pelo aspecto conhecimento. As pessoas hoje têm mais acesso à informação, principalmente sobre a importância da atividade física. Há muita fake News nessa área?

Com certeza tem, porque muita gente lucra com essa área. Há muitos produtos, pílulas, receitas e dietas prescritas, questões de estética. Isso tudo é produto na área da atividade física e saúde.

O que mais existe é a venda de uma ideia falsa. Na maior parte das vezes, trata-se de mudanças repentinas, emagrecimento rápido, de forma mágica. Aquela pílula, aquela felicidade instantânea que todos gostariam de comprar. Tem que tomar cuidado.

Mas, eu quero destacar o seguinte: mesmo com as informações corretas, só o conhecimento não muda o comportamento. O fundamental é nós aprendermos.

Quando eu comecei a minha tese de doutorado, a ideia é que se a pessoa fosse bem-informada, ela, na maior parte das vezes, ou quase sempre, iria querer mudar, transformar essa vontade em hábito.

Porém, as pesquisas na área da psicologia comportamental mostraram que não é bem assim.

Primeiro, a informação tem que ser bem entendida, tem que tocar o lado afetivo das pessoas, para que ela diga: opa, isso é legal, isso é importante, isso eu posso fazer.

8. Como despertar esse querer? O senhor trouxe essa questão do lado afetivo. Seria esse o caminho?

A informação tem que fazer com que você se interesse e veja valor naquilo. Tudo na nossa vida é analisado, consciente ou inconscientemente, de uma maneira que você pesa prós e contras, vantagens e desvantagens, o que você vai ganhar e o que você vai perder com cada mudança.

Se está nublado, vou sair de casa, será que eu levo uma capa, uma sombrinha? Qual é o benefício? Se chover, eu vou estar protegido. Se não chover, eu vou ter que carregar esse objeto o dia inteiro. Então, consciente ou inconscientemente, tudo é pesado.

Isso é bom ou não é bom? Você vai construir uma dieta nova, se você tirar o carboidrato, você faz isso, coloca mais proteína na sua alimentação. Como é que eu vou fazer isso? E quais são as consequências negativas dessa mudança mais radical?

Toda mudança radical é inconsequente e tem pouquíssimas chances de sucesso. Todo o processo de mudança começa pela informação e pelo conhecimento, pelo significado pessoal.

Havendo essa afetividade, essa atração por aquilo que é veiculado na informação, o próximo passo é pensar onde fazer, como fazer, se tem dinheiro para fazer. Isso é o que chamamos de oportunidade.

Se quarta e sexta eu começo a trabalhar mais tarde, então, eu tenho um horário que eu posso caminhar. Terça e quinta, eu posso fazer a pé o meu percurso de dois quilômetros de volta do trabalho. Então, eu começo a pensar nas possibilidades, nas oportunidades que podem entrar. Eu conheço, eu tenho a informação, de boa fonte, de preferência.

O que é relevante para mim? O que vai ser bom? O que eu consigo fazer? Existem oportunidades para a prática? O passo final é transformar essa prática em hábito.

Só conhecimento, só boa vontade, não muda o mundo e nem muda a tua saúde. O que muda o mundo e o que muda a tua saúde são ações e ações cotidianas.

  • Vende-se muito a ideia de mudança radical e atalhos que levam rapidamente a uma condição que às vezes é até impossível de ser alcançada pela estrutura física da pessoa, pelo tempo disponível, pela condição de saúde geral. Não adianta, mudança é processo.

“Quer mudar a sua saúde? O seu aspecto físico? Quer emagrecer? Quer mudar o mundo?

Mude o seu modo de agir de maneira regular.

São ações que mudam a vida, não momentos de boa vontade, nem o conhecimento que se tem. Quando isso se transforma em ações cotidianas, algo vai mudar”.

9. No livro, o senhor comenta sobre a aptidão física. O que seria essa aptidão?

Corresponde ao grau de competência física, à capacidade de realizar esforços físicos. Algumas pessoas, hoje em dia, correm uma maratona num ritmo que a maioria não consegue correr nem 100 metros. Elas têm um tipo de aptidão física, uma condição de realizar esforços físicos específicos.

Essa aptidão física pode ser revelada num bombeiro, que carrega a escada, a mangueira e uma pessoa ferida por um quilômetro. Ele foi treinado para ter essa aptidão física. Um jogador de futebol, um corredor de maratona, um soldado precisa de uma aptidão adequada.

Existe um tipo de aptidão que é relacionada ao nosso bem-estar e ao dia a dia. Conforme a gente envelhece, a gente vê que está mais difícil escovar as costas, amarrar os sapatos, arrumar a cama.

Essa é o que a gente chama de aptidão física relacionada à saúde ou aptidão funcional. Não tem nada a ver com esse funcional que as academias usam e que está no modismo hoje. É a capacidade que se tem para realizar relativamente bem as suas tarefas diárias.

Aptidão física é a condição que você tem para realizar esforços físicos.

Agora, há particularidades sobre o movimento, a atividade física e o exercício físico.

10. Quais são essas particularidades que diferem a atividade do exercício físico?

O profissional de educação física prescreve tipos particulares de atividade física com o objetivo de melhorar a aptidão física. Então, você vai subir e descer essa escada dez vezes, você vai levantar esse peso, você vai correr três quilômetros nesse ritmo, você vai movimentar seu corpo para melhorar a mobilidade das articulações. O objetivo é melhorar algum aspecto da aptidão física.

Agora, quando você acorda de manhã, desce a escada, coloca a meia, arruma o sapato, corre para o ônibus, você está fazendo um tipo de atividade física que não é necessariamente chamada de exercício.

Isso é atividade física, não um exercício!

O grande vocábulo é atividade física, porque ela inclui os exercícios, o trabalho, a dança, o cuidado com o jardim, a atividade sexual, a agressão. O movimento do teu corpo fora do nível de repouso é atividade física. Essa é a definição mais ampla.

Quando essa atividade física é prescrita, tem medida, visa melhorar a condição física, a gente chama de exercício físico.

Então, a gente fala em promover atividades físicas para a saúde, porque essa atividade física não precisa ser necessariamente uma forma de exercício ou de prática esportiva formal.

11. O que é qualidade de vida para o senhor?

A minha conceituação de qualidade de vida pode ser focada em grupos ou no indivíduo, e parte da percepção de bem-estar das pessoas.

Quão bem me sinto hoje? A pergunta é totalmente subjetiva, mas é construída a partir fatores super objetivos. Onde você mora? Como é a sua casa? O que você come? Quantas horas você trabalha? Qual o seu salário? Como é o seu sono? E o seu relacionamento?

Estes são alguns pontos estruturais, da sua condição de vida, chamados de fatores socioambientais. Mas, eles não podem ser considerados isoladamente. O que define a sua qualidade de vida é uma combinação de fatores individuais, aliados aos socioambientais.

Existe um modelo que eu desenvolvi chamado Pentáculo do Bem-Estar para tratar do estilo de vida, tendo um conjunto de características, de hábitos no cotidiano da pessoa, mas que continuam tendo como intermediário a percepção individual de bem-estar.

Eu posso ter um Fusca 1983 e ter uma percepção de que é um grande veículo para o meu deslocamento. Eu posso ter uma BMW e reclamar muito porque o banco não é tão confortável como eu gostaria.

Não é necessariamente o valor monetário, mas o valor até utilitário, o valor sentimental, o grau de satisfação, porque bem-estar é isso. Valeu o seu nível de bem-estar? Vale o grau de satisfação com os seus familiares, com os seus amigos, com o local que você mora, com o seu salário, etc. A sua percepção de bem-estar reflete nesses indicadores objetivos.

O dinheiro traz felicidade até um certo patamar. A partir daí, o dinheiro pode até a aumentar, mas a percepção de bem-estar estabiliza.

Após a Segunda Guerra Mundial [1939-1945], desenvolvel-se a ideia de que eu quero sempre mais. A minha TV tem 50 polegadas, mas eu vi uma de 75 polegadas. A insatisfação permanente associada a um consumismo desenfreado.

Isso provocou todos esses movimentos que a gente conhece hoje, de minimalismo, de economia circular. Eu sou um consumista moderado e me inspiro muito nessas propostas.

O consumo consciente e a solidariedade são fatores que podem não só melhorar a percepção do bem-estar, mas o bem-estar da comunidade onde se está inserido.

Minimalismo e Consumo Circular
Conceitos que podem transformar sua vida e sua mente

Confira a matéria completa sobre o assunto!

12. Nos explique, professor, por gentileza, os cinco aspectos do chamado Pentáculo do Bem-Estar, um conceito que o senhor desenvolveu.

A resposta desta questão também se em material especial da seção de Saúde da Mente. Bora conferir!

O Pentáculo do Bem-estar
Para avaliar e mudar comportamentos com foco na qualidade de vida

13. O senhor considera que leva uma vida saudável? A pescaria e a marcenaria, que são alguns de seus hobbies, ajudam a concretizar isso?

É um conjunto de hábitos. Ao longo dos anos, criei uma receita e está no meu livro. Você não muda radicalmente o seu padrão de vida, os seus hábitos, o seu jeito de viver. Você apara arestas e preenche lacunas.

A nossa vida corrida, nosso dia a dia, é toda disforme. O estilo de vida perfeito seria um círculo. A vida tem a forma de uma ameba. Se você quiser mudar a forma, a fotografia do seu estilo de vida ameba para o círculo, você vai quebrar a cara porque é uma mudança radical e não existe, de fato, o círculo.

O que a gente faz? A gente preenche lacunas e apara as arestas e a ameba toma a forma mais próxima de um círculo.

O ideal não é real, mas você pode transformar o seu modelo de vida em algo mais parecido com o ideal. É o que eu faço a vida inteira.

Eu faço atividade física, estou ativo o tempo inteiro. Isso aqui sentado contigo é a uma exceção. Eu estaria lá fora caminhando com a cachorrinha [Bibi] aqui perto.

No campus da Universidade Estadual tem capivara, jacaré, eu vou muito ali para ver tudo isso. Eu estou cortando, pregando, pintando, consertando...

Na minha economia circular, antes de jogar qualquer coisa fora, eu tento consertar. Não usa? Alguém vai usar. Eu me alimento muito bem. Tomo um café da manhã totalmente estável, com frutas disponíveis porque gostamos de frutas. Pouquíssima fritura, carne gorda. Não retiramos isso. Vez ou outra, é um churrasco com linguiça, um contrafilé saboroso, mas não é o habitual. Dois dias da semana a gente come frango, um dia é fruto do mar. É uma alimentação naturalmente saudável, gostosa. Eu cozinho muito. Me aposentei da universidade para virar cozinheiro.

Temos que analisar os benefícios e consequências não agradáveis das nossas escolhas. Tenho uma vida simples, tranquila. Acho que é porque sempre gostei muito da nota 8,5. Eu nunca mirei no 10. Tem uma frase que eu uso na marcenaria, eu quero acreditar que seja de minha autoria (risos):

Na marcenaria, como na vida, a perfeição é inimiga do muito bom.
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Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida - 7ª Edição

A obra do professor Markus Vinícius Nahas está disponível gratuitamente para download no site da SBAFS.

Contatos do professor: @markusnahas . markusnahas@gmail.com

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